REVIEW TORMENTA: O DESAFIO DOS DEUSES
Jogo é baseado em antigo RPG brasileiro e tenta ser relevante no mercado atual.
Tormenta: O Desafio dos Deuses é um jogo para Windows e Mac que adapta as aventuras do mundo de Arton para o cenário eletrônico. O game é um típico “beat’em up”, ou seja, de andar e bater. Uma produção brasileira, o jogo tem seus bons momentos, mas infelizmente carece de um pouco de polimento e testes adicionais. Confira a análise:
Tormenta: O Desafio dos Deuses é um jogo baseado no RPG de mesmo nome (Foto: Divulgação)
Arton nunca mais foi a mesma
O mundo de Arton se originou de um RPG de mesa chamado de Tormenta, o mesmo nome do jogo eletrônico. Originalmente, este universo nasceu nas páginas da revista Dragão Brasil, especializada em RPG, como um mundo medieval e original, com seus heróis e vilões definidos, como Katabrok, Mestre Arsenal, Paladino, Niele e tantos outros.
Jogo tem fase inicial na Tormenta (Foto: Divulgação)
O sucesso de Arton foi tão grande que gerou uma revista em quadrinhos, Holy Avenger, que fechou sua história em 42 edições e até hoje ganha reedições e lançamentos especiais em encadernados. Com um apelo nostálgico, Desafio dos Deuses foi financiado por fãs e teve sua produção autorizada. Mais de um ano depois, e com certo atraso de prazo, o game saiu, reintroduzindo o universo de Arton a uma nova geração – ainda que o RPG de mesa exista até hoje e seja sempre atualizado.
História épica?
Tormenta: O Desafio dos Deuses tenta, e tenta bastante. Este é um jogo que tenta em todos os seus sentidos, incluindo na história. Aqui temos um enredo que cita elementos clássicos do universo, e respeito alguns pontos, mas nem sempre faz isso bem. Ele começa com uma história que envolve os deuses de Arton, como Khalmyr. Os personagens centrais são Samson e Selena, um guerreiro humano e uma espécie de arqueira elfa. Personagens sem muita profundidade, eles também não possuem tanto desenvolvimento
A história de Tormenta não é das mais inspiradoras (Foto: Divulgação)
Os dois participam de uma missão quase suicida de, que é a de enfrentar monstros em uma área de Tormenta, a névoa vermelha que invade o continente de Arton e dizima tudo o que passa pelo caminho. Dentro desta área, monstros poderosos são vistos, sempre muito fortes e ameaçadores. Ao menos é assim que uma área de Tormenta é descrita nos antigos livros do RPG, algo que não é visto com tanta fidelidade no game – já que os inimigos, em geral, são fracos e fáceis de lidar, ao menos que estejam em bando.
A verdade é que a maior dificuldade de Desafio dos Deuses está em dominar a jogabilidade, que é recheada de problemas e pequenos bugs. Os inimigos são até fáceis de se vencer, mas testar o game nas primeiras fases não foi uma experiência muito agradável, com golpes que não atingiam os inimigos e partes dos cenários que deixavam os personagens presos.
Há elementos de RPG no game de Tormenta (Foto: Divulgação)
A animação dos personagens também não é das melhores, e tende a passar uma impressão estranha da parte gráfica. O salto dos personagens é um bom exemplo, já que não conta com uma física básica e deixa tudo muito mais artificial do que deveria ser, um pouco solto demais e, talvez decepcionante para muitos.
É verdade que, mesmo na época de Streets of Rage ou Final Fight, jogos de estilo similar, não tínhamos um realismo incrível. Mas os dois citados são jogos 2D, em uma outra época, mais simples e com menos recursos. Desafio dos Deuses é um game 3D de exploração, na teoria, melhor desenvolvido. A comparação pode não ser justa, mas pode ser certeira.
Narrativa: ativa ou nem tanto?
A narrativa de Desafio dos Deuses também é um pouco estranha, para dizer o mínimo. O jogo se confunde com “simuladores de relacionamento” em alguns momentos, naquele estilo de escolher respostas para traçar um caminho para o diálogo dos personagens e para a história do game como um todo, já que tudo funciona sem escolhas, apenas com diálogos que seguem as imagens sem animação.
A narrativa é um pouco curiosa em Desafio dos Deuses (Foto: Divulgação)
Para um jogo de ação e pancadaria, pode ter sido uma escolha um pouco estranha, por não casar com seu ritmo. Lembra bastante o que foi feito nos jogos da série BlazBlue, mas em qualidade inferior em termos de narrativa e desenvolvimento. Ao menos o traço e os desenhos estão em boa qualidade, com o visual bem característico da antiga Holy Avenger – ainda que alguns personagens pareçam tão diferentes em partes distintas do jogo, caso da elfa Niele.
Além disso, a trilha sonora não faz feio, com músicas bem compostas e que casam bem com a ambientação e com o ritmo de ação, por mais que não sejam o maior destaque em Desafio dos Deuses.
Tormenta: Desafio dos Deuses conta ainda com alguns bons elementos de RPG, como compra de itens e evolução de personagens. Há ainda alguns extras, que compensam algumas falhas, ainda que não salve o jogo de ter problemas que podem comprometer a diversão.
Conclusão
Infelizmente, Tormenta: Desafio dos Deuses não é exatamente o jogo que esperávamos. Os fãs mais aficionados do antigo RPG de mesa e jogadores ativos até hoje podem se divertir com as participações de personagens deste universo e outras surpresas que podem rolar no game. Porém, como jogo em si, ele é fraco e tem problemas no gráfico e na jogabilidade. Vale uma conferida se você é muito fã do gênero ou do produto original, apenas.
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